O que é que eu tenho?
Uma coisa já percebi: são tantas as horas passadas no silêncio, tão poucos os momentos de partilha, tão isolados os desabafos… Acaba por ficar tudo cá dentro. Não passo o dia sem ter com quem falar, mas faltam-me os amigos, as manas, os pais… Depois as coisas são sentidas com maior intensidade, magoam mais de tanto as acumular, não vão saindo devagar e acabam por ser autênticos desastres de sentimentos e mágoas em fúria muito mais intensificados pelo tempo que ficaram cá dentro. Não se soltam os pequenos desabafos, saem depois as golfadas de dor acumulada. Não se alivia nem renova a alma e sai depois uma pedra que se rebenta em mil estilhaços. Constrói-se um castelo de gelo impenetrável que se fecha cada vez mais, tornando-se gradualmente mais opaco até ser impossível ver que há um coração a bater no seu interior.Não tentei resolver as minhas coisas, perdi a força de as enfrentar…
Não tentei manter o mais importante, sinto que se estão a afastar…
Não fui deixando que as pequenas coisas fossem limadas e já não consigo corrigir nada…
Sempre fui eu quem se isolou, sempre fui eu quem quis ficar só. E depois um dia apercebo-me “Estou só! Sinto-me terrivelmente só! Não tenho nada!” Não o quis para mim mas foi obra minha… É uma luta que tenho de ser eu a travar mas que já não quero lutar. Quero mas tenho medo. Medo de falhar, medo de perder alguma coisa….
Pois tenho de parar de dizer que amanhã será outro dia e tentar vivê-lo hoje!
Mas hoje não… Amanhã!
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