Tempestade no Mar
O barco vai rumando com o buraco no casco. Vou tentando tapá-lo, disfarçá-lo. Por vezes acho que ele me está a tentar ajudar a não deixá-lo afundar. Mas depois vem o chorrilho de coisas de más que eu lhe faço. Porque eu o trato mal a toda a hora… E eu agora começo a ficar patarata pois ele diz que eu tenho de saber falar com ele e ter cuidado com ele mas ele é que me desliga o telefone na cara, passa a vida a querer deixar-me se eu não estiver bem. Porra! Se o faço assim tão infeliz porque é que ainda está comigo? Por mais esforços que eu faça a ter 300 mil cuidados para não o magoar e a lembrar-me das 320 coisas que ele não gosta que eu lhe faça e ao mínimo sinal de discussão ele faz por me magoar o mais que pode. E eu aguento-me para não ser má para ele nas discussões e ele repete todas as coisas que lhe pedi que não fizesse, que lhe disse que me magoam.Não percebo… É orgulho? É mimo? Mas eu estou-me a esforçar e sinto que o esforço está a vir todo do meu lado. Eu é que fiz as coisas todas más? Sou assim tão horrível??? Eu não entendo!
Eu sou mimada, conheço as armas do mimo, nunca as uso e quando me apercebo que peguei nelas ponho-as de parte mas ele nem por isso. E porque é que sou sempre eu que tenho de me aperceber que estou a magoá-lo e nem quando lhe digo isso ele continua a moer a magoar-me e não pára? Que guerra é esta?
Este barco vai rumando torto no mar alto. Quando o mar está tranquilo não posso enganar-me pois a qualquer instante vai voltar o vento forte, a onda brava e ele vai voltar a tentar virar.
Porquê???
Tenho o coração arrasado… Porque é que tinha de voltar a chorar?
Inconformada às 7:23 da tarde
Escusava era de ter perdido a fome! Eu não devo ser uma gaja normal...
Comentar